Coreia do Sul fecha parlamento e coloca imprensa sob tutela; moeda despenca

Presidente acionou lei marcial para “conter elementos pró-Coreia do Norte”

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Publicado em 03/12/2024 às 13:13h - Atualizado 13 horas atrás Publicado em 03/12/2024 às 13:13h Atualizado 13 horas atrás por Wesley Santana
Presidente da Coreia do Sul em pronunciamento (Imagem: Gabinete Presidencial)

A população da Coreia do Sul foi pega de surpresa na noite desta terça-feira (3), hora local, com um pronunciamento do presidente Yoon Suk Yeol. Em imagens transmitidas pela televisão, o líder do Executivo declarou a lei marcial pela primeira vez em mais de 40 anos. 

📄 A lei suspende as atividades políticas no país, com o objetivo de defender algum interesse. Neste caso, o presidente afirmou que a decisão é para proteção das liberdades da Coreia do Sul e para a segurança da população, embora não tenha detalhado os motivos.

“Para proteger a democracia liberal da ameaça de derrubar o regime da República da Coreia por forças antiestatais ativas na República da Coreia e para proteger a segurança do povo, o seguinte é declarado em toda a República da Coreia a partir das 23h em 3 de dezembro de 2024”, disse o político. 

Entre outras medidas, a lei marcial fecha o Congresso Nacional e coloca a imprensa sob tutela do governo. Isto é, qualquer publicação feita por veículos de comunicação deve ser revisada pelo Executivo.

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Além disso, a lei marcial suspende direitos civis e substitui a legislação comum por leis militares. A mídia estrangeira já publicou imagens do Parlamento em Seul totalmente isolado pelos policiais.

“Esta é uma medida inevitável para garantir a liberdade e a segurança do povo e garantir a sustentabilidade da nação contra a agitação provocada por esses elementos subversivos e antiestatais”, continuou o presidente.

A Coreia do Sul é uma das 20 maiores economias do mundo, com um PIB anual superior a US$ 1,7 trilhões. O país encerrou sua última ditadura em 1987, quando passou a ser um regime democrático. 

Atual presidente, o conservador Yoon foi eleito há dois anos com 48,6% dos votos para um mandato de quatro anos. O país está envolto em uma espécie de guerra silenciosa contra a vizinha Coreia do Norte desde a divisão do território, entre as décadas de 1940 e 1950.

Yeol enfrenta uma oposição forte, que ganhou ainda mais poder nas últimas eleições gerais e tem promovido bloqueios em suas propostas. Desde o começo do ano, sua esposa enfrenta uma crise de imagem, depois de receber uma bolsa de luxo de presente, acima do limite permitido por lei. 

Repercussão financeira

📈 Depois da decisão do governo local, o won caiu para seu menor valor em mais de dois anos, mostram os monitores de mercado. No ranking da Bloomberg, a moeda sul-coreana registrou o pior desempenho entre os 31 países analisados diariamente, com uma cotação de 1.430 para cada dólar.

O índice MSCI South Korea, que acompanha os principais ativos do país, chegou a cair 5% nos Estados Unidos, o pior resultado do semestre. Outros ativos negociados nos Estados Unidos também apresentaram queda acentuadas nas bolsas norte-americanas.