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Além de reduzir a Selic de 13,25% para 12,75% ao ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) indicou que seguirá fazendo cortes adicionais de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia brasileira. Para o mercado, o recado foi de que o corte dos juros seguirá, mas com cautela.
O Copom reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual nas suas duas últimas reuniões: em agosto e nesta quarta-feira (20/09). E, com o comunicado desta última reunião, parece ter descartado no momento a possibilidade de acelerar o corte de juros. Afinal, alguns analistas vinham cogitando um corte mais forte, de 0,75 ponto percentual, da Selic.
No comunicado, o Copom diz que “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, afirma.
O Comitê reforça ainda “a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. “A magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária”, afirmou.
Para analistas, o recado do comunicado foi de que o cenário atual ainda impõe cautela na condução da política monetária, afastando, pelo menos por enquanto, a possibilidade de cortes mais intensos da Selic. Os principais fatores de risco são a incerteza sobre o ritmo de queda do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e a desancoragem das expectativas de inflação.
O Copom elevou as suas projeções para a inflação em 0,1 ponto percentual para os próximos anos. O cenário de referência do Copom prevê atualmente um IPCA de 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025. A meta de inflação, contudo, é de 3,25% em 2023 e de 3% em 2024 e 2025, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
“O BC não acha aconselhável acelerar o ritmo de corte basicamente porque tem dúvidas sobre a velocidade da desinflação e por causa das preocupações em torno da reancoragem das expectativas. As projeções do BC ainda se situam acima do centro da meta em 2023 e 2024, o que sugere cautela”, afirmou o economista do Banco BV, Roberto Padovani.
“O cenário ainda demanda da instituição uma política monetária mais contracionista. Portanto, devemos ter quedas consecutivas de 50 pontos-base, afastando um pouco a possibilidade de um corte de 75 pontos-base em breve”, reforçou a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.
“A Autoridade Monetária reafirma que irá conduzir os cortes na taxa básica de maneira cautelosa, querendo com isso dizer que prefere errar na direção de uma Selic mais alta que mais baixa do que a taxa entendida como neutra”, afirmou o economista André Perfeito.
O comunicado do Copom ainda trouxe um parágrafo adicional sobre a situação fiscal brasileira: “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”.
Para o mercado, foi um recado de que as metas fiscais precisam ser perseguidas. O assunto vem sendo discutido pelo governo e pelo Congresso Nacional, em meio às negociações do Orçamento de 2024.
“Esse parágrafo sinaliza que a política fiscal precisa ser cumprida e que as metas precisam ser buscadas a todo custo. É uma sinalização clara para o Executivo e trás um vetor negativo em termos de possibilidade de queda de juros mais intensa por aqui”, afirmou Carla Agenta.
“O texto inclui apoio explícito a uma política fiscal firme, o que deverá ajudar as autoridades que buscam promover esta ênfase dentro da administração”, reforçou o Itaú, em relatório.
Considerando novos cortes de 0,5 ponto percentual em novembro e dezembro, o mercado estima que a Selic fechará o ano em 11,75%. Já para 2024, a projeção está em 9%, segundo o Boletim Focus.
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