Como o mercado imobiliário tenta driblar a taxa de juros alta

Setor tem três opções na mesa, mas ainda não há definição

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Publicado em 09/02/2025 às 08:00h - Atualizado 13 dias atrás Publicado em 09/02/2025 às 08:00h Atualizado 13 dias atrás por Wesley Santana
Setor tem grande impacto na economia (Imagem: shutterstock)

Com a taxa básica de juros em crescimento, o setor imobiliário se vê pressionado no país. Sobretudo em relação ao financiamento habitacional que pode sofrer baixas em vista do custo de crédito para os potenciais clientes.

🏠 Neste cenário, o setor tem se organizado para encontrar maneiras de reduzir a pressão. A primeira delas é por meio da redução dos depósitos compulsórios da caderneta de poupança.

Atualmente, a poupança e o principal fundo usado pelas empresas para financiar a construção de imóveis. O setor pede que o Banco Central reduza de 20% para 15% o recolhimento dos depósitos, o que pode movimentar até R$ 60 bilhões, conforme projeções.

"Nós pedimos muito ao Banco Central para liberar parte dos compulsórios no final do ano, não entendendo como uma medida permanente ou de efeito de longo prazo, mas como uma medida corretiva para que aquelas obras que estavam financiadas e não estavam tendo funding pudessem ser remediadas", diz Renato Correia, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), em entrevista à Folha de São Paulo.

Outro assunto que está na mesa é a redução do prazo de emissão de LCI (Letras de Crédito Imobiliário). As conversas pairam sobre diminuir a regra atual de vencimento que é de nove meses para três meses.

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"Além de atrair um volume maior de depósitos, o investidor que está disposto a aceitar uma taxa um pouco menor pode rapidamente ter o dinheiro na mão se precisar. Ele não sofre com um instrumento de prazo maior. Se precisar sair [do investimento], ele pode até sair, mas ele tem o risco de vender a taxa de mercado daquele instrumento e pode eventualmente ter um prejuízo momentâneo na venda antes do vencimento", afirmou o diretor executivo da Abecip (Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança), Filipe Pontual, à reportagem.

Por último, há também a questão do saque aniversário do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), um programa usado também para garantir recursos ao setor, mas que tem hoje quase um terço do seu total de R$ 60 bilhões bloqueados pelo saque aniversário.

O que os entes do mercado pedem é que seja criada uma nova modalidade de crédito pessoal em que os bancos tenham outras garantias de crédito e que, assim, o saldo hoje comprometido seja desbloqueado.

O mercado imobiliário brasileiro é um dos motores da economia, sendo que apenas o residencial é responsável por movimentar cerca de R$ 300 bilhões anuais. No ano passado, foram vendidas 103,3 mil unidades habitacionais.