Coleta de íris em troca de criptomoedas é suspensa em SP; veja

Desde novembro, a startup operava em São Paulo, oferecendo aos usuários a oportunidade de registrar dados biométricos sensíveis.

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Publicado em 25/01/2025 às 22:53h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 25/01/2025 às 22:53h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Rodrigues
Com mais de 400 mil cadastros, a iniciativa atraia a atenção pelo apelo financeiro  (Imagem: Shutterstock)

🚨 A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou a suspensão de um polêmico serviço oferecido pela Tools for Humanity, startup cofundada por Sam Altman, CEO da OpenAI, que trocava o escaneamento de íris de usuários por criptomoedas.

A medida entra em vigor neste sábado, 25 de janeiro, após análises que apontaram possíveis violações à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Desde novembro, a startup operava em São Paulo, oferecendo aos usuários a oportunidade de registrar dados biométricos sensíveis, como íris, em troca de "worldcoins", uma moeda digital própria.

Estes tokens poderiam ser vendidos por valores entre R$ 300 e R$ 700, dependendo da cotação do mercado, tornando o serviço particularmente atraente para pessoas em situações de vulnerabilidade.

Com mais de 400 mil cadastros e um milhão de downloads do aplicativo, a iniciativa atraiu atenção pelo apelo financeiro e pela promessa de maior segurança digital, promovida como parte da criação do sistema World ID, que visa autenticar identidades únicas no crescente universo de inteligência artificial.

ANPD aponta problemas raves

A ANPD considerou "grave" o tratamento dos dados coletados pela startup. Entre os pontos levantados, a agência destacou:

  • Consentimento comprometido;
  • Impossibilidade de exclusão de dados;
  • Vulnerabilidade social.

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Além disso, a ANPD exigiu que a Tools for Humanity indique de forma clara em seu site o encarregado pelo tratamento de dados, reforçando as exigências de transparência e conformidade com a legislação.

Em nota oficial, a Tools for Humanity afirmou estar "em conformidade com todas as leis brasileiras" e que "trabalhará em conjunto com a ANPD para garantir que os brasileiros continuem participando do World ID".

A empresa atribuiu as recentes restrições a "relatos imprecisos" e reforçou o compromisso com a segurança digital.

O caso levanta debates sobre os limites éticos e legais da coleta de dados biométricos em troca de benefícios financeiros.

Sob a LGPD, o consentimento para tratamento de dados sensíveis deve ser livre, informado e específico.

💲 Quando há contrapartida financeira, especialmente em contextos de vulnerabilidade social, há um risco evidente de que o consentimento seja influenciado de maneira inadequada.