Carrefour (CRFB3): O que fazer com as ações diante da possível saída da B3?

O grupo francês quer resgatar as ações e fechar o capital da sua operação no Brasil.

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Publicado em 12/02/2025 às 17:17h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 12/02/2025 às 17:17h Atualizado 9 horas atrás por Marina Barbosa
Carrefour vai convocar AGE sobre a deslistagem (Imagem: Shutterstock)

O Carrefour Brasil (CRFB3) pode deixar de ter ações negociadas na bolsa brasileira ainda neste primeiro semestre de 2025. Por isso, deu três opções aos seus acionistas, todas envolvendo a troca das ações por dinheiro, ações ou BDRs (Brazilian Depositary Receipt) do grupo francês Carrefour.

🛒 O grupo francês quer resgatar as ações e fechar o capital da sua operação no Brasil. A proposta foi confirmada na terça-feira (11), já recebeu o aval da companhia brasileira e agora será levada para deliberação dos acionistas, em AGE (Assembleia Geral de Acionistas).

Analistas avaliam, no entanto, que os acionistas minoritários têm poucas chances de barrar a operação. Isso porque a Península, empresa que administra o patrimônio da família Abílio Diniz e detém 7,3% das ações do Carrefour Brasil, já indicou que concorda com a operação.

Por isso, a recomendação dos analistas é aguardar a assembleia e já pensar no que fazer com as ações do Carrefour Brasil, caso a deslistagem seja confirmada. A avaliação é de que a operação será concluída ainda neste primeiro semestre.

💲 Veja as três opções de troca dos acionistas do Carrefour Brasil:

  • Ação Classe A: 1 ação por R$ 7,70 em dinheiro;
  • Ação Classe B: 1 ação por R$ 3,85 em dinheiro e mais 0,04545 ação ou BDR do grupo francês Carrefour;
  • Ação Classe C: 1 ação por 0,0909 ação ou BDR do grupo francês Carrefour.

O valor de R$ 7,70 por ação foi definido pelo Carrefour e, segundo a companhia, representa um prêmio de 32,4% em relação ao preço médio ponderado por volume dos últimos 30 dias.

Ao apresentar essas condições, o grupo argumentou que a proposta "oferece a todos os acionistas da Companhia a oportunidade de assegurar liquidez em termos justos e atrativos" ou "a opção de migrar para o CSA, líder global do varejo de alimentos, ao mesmo tempo em que mantêm exposição indireta à Companhia".

O dizem os analistas?

Para analistas, a troca integral das ações do Carrefour Brasil por dinheiro parece ser a melhor opção para os acionistas neste momento.

Em relatório, a XP avaliou que "as três opções são atualmente semelhantes (do ponto de vista de R$/ação), embora as opções B e C devam variar de acordo com os preços da CA (ações da Carrefour França, negociadas na Bolsa de Valores de Paris)". Contudo, disse que a opção A pode ser a "opção mais provável para os acionistas locais, dada a menor visibilidade sobre a Carrefour França e a dinâmica macroeconômica na região".

Já o Santander Brasil acredita que o valor de R$ 7,70/ação em dinheiro subestima a empresa, dada sua reestruturação em andamento na divisão de Varejo e o potencial de longo prazo do Atacadão". Ainda assim, recomenda esta opção.

"Apesar de nossa convicção de que o valor justo é ~30% maior, recomendamos que os acionistas minoritários considerem a oferta, dada a alavancagem de negociação um tanto limitada e os riscos de permanecer investido em uma ação potencialmente não Novo Mercado e menos líquida", escreveram os analistas do banco.

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Quando devo escolher?

🗓️ O Carrefour estima que a Assembleia Geral de Acionistas que vai decidir sobre a deslistagem da B3 será convocada no início de março. E garantiu que, caso a proposta seja aprovada, os seus acionistas terão um prazo de ao menos 15 dias corridos, contados a partir do dia útil seguinte à realização da AGE, para exercer sua opção.

Em fato relevante publicado nesta quarta-feira (12), o Carrefour avisa, no entanto, que cada acionista só poderá optar por uma das três opções listadas acima. Logo, "não poderá optar por uma combinação de Ações Classe A, B e C".

O grupo informou ainda que, caso não confirme a sua escolha no prazo definido, o acionista será necessariamente direcionado para a primeira opção. Ou seja, receberá o valor em dinheiro relativo a suas ações. Caso escolha as ações B ou C, mas não diga se prefere receber BDRs ou as ações do Carrefour que são negociadas na França, o acionista receberá BDRs.

Já os acionistas que não votarem a favor da transação ou não comparecerem à AGE também poderão exercer o Direito de Retirada nos 30 dias seguintes à publicação da ata da assembleia. Neste caso, no entanto, o valor de reembolso será de R$ 7,42 por ação. Ou seja, um valor inferior ao oferecido para o resgate dos papeis.

Ações em alta

As ações do Carrefour Brasil operam em forte alta na B3 desde a apresentação da proposta que pode tirar a empresa da bolsa.

O papel disparou 10,08% na terça-feira (11) e segue avançando nesta quarta-feira (12). Às 16h50, subia 2,96% e era cotada a R$ 7,31.

No ano passado, no entanto, o papel recuou mais de 50% e chegou a ser negociado por R$ 5,30.

Analistas acreditam que o Carrefour aproveitou esse desconto para fazer a oferta de resgate das ações. Contudo, acreditam que agora o papel pode chegar aos R$ 7,70 oferecidos pela empresa.

O que acontece com as lojas do Carrefour?

Vale ressaltar que a oferta do grupo francês só mexe com as ações do Carrefour Brasil. Por isso, a rede de supermercados continuará funcionando no Brasil.

Ao apresentar a proposta, o grupo francês disse que esperava uma "maior capacidade para focar exclusivamente nas operações principais e contribuir ainda mais para a estratégia do grupo de continuar a oferecer retorno superior aos acionistas" a partir dessa operação.

Na avaliação da Genial Investimentos, o fechamento de capital pode até favorecer uma "futura reorganização do portfólio, facilitando eventuais desinvestimentos ou fusões estratégicas".

"O histórico de outras empresas mostra que o fechamento de capital pode criar oportunidades para reestruturações internas, segmentação de negócios e, em um cenário mais favorável, um possível retorno ao mercado de capitais", escreveram os analistas da Genial.

A casa lembrou do caso da Dasa (DASA3), que fechou o capital e retornou ao mercado anos depois, com um valuation quase 10x maior.

Para a Genial, a Dasa "mostra que a saída do mercado pode ser uma estratégia temporária para reorganizar a estrutura e ganhar flexibilidade, com possibilidade de retorno ao mercado em um momento mais favorável".