Brasil deixa de ter maior taxa de juros reais do mundo

Com Selic em 12,75%, país foi para segundo lugar do ranking, atrás do México

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Publicado em 22/09/2023 às 18:28h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 22/09/2023 às 18:28h Atualizado 1 mês atrás por Marina Barbosa

O Brasil deixou de ter a maior taxa de juros reais do mundo, com a redução da Selic para 12,75% ao ano. A taxa básica de juros da economia brasileira foi cortada em 0,5 ponto percentual, em decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), na quarta-feira (20/09).

Com a Selic em 12,75%, a taxa de juros reais brasileira caiu de 6,68% para 6,40%, segundo levantamento realizado pela Infinity Asset e pelo MoneYou. A taxa coloca o Brasil na segunda colocação do ranking de maiores juros reais do mundo, atrás apenas do México, que apresenta uma taxa de juros reais de 6,61%.

De acordo com o levantamento, o Brasil estava no topo do ranking desde outubro de 2022, quando a Selic estava em 13,75%. “Aos 12,75% a.a., o Brasil cai à 2ª colocação no ranking mundial de juros reais, caindo após 7 reuniões consecutivas na 1ª colocação e ficamos atrás de México e à frente de Colômbia, Chile e África do Sul”, diz o estudo.

A taxa de juro real é calculada descontando a inflação prevista para os próximos 12 meses da taxa de juros nominal do país. Para calcular a taxa brasileira, o levantamento levou em conta a inflação projetada para os próximos 12 meses no Boletim Focus e a taxa de juros DI a mercado para os próximos 12 meses. 

Veja os 10 maiores juros reais do mundo: 

  1. México: 6,61%;
  2. Brasil: 6,40%;
  3. Colômbia: 5,10%;
  4. Hungria: 5,05%;
  5. Indonésia: 4,00%;
  6. República Tcheca: 3,71%;
  7. Chile: 3,69%;
  8. Rússia: 3,59%;
  9. Hong Kong: 2,97%;
  10. África do Sul: 2,67%.

Segundo a Infinity Asset e o MoneYou, o movimento global de aperto monetário ganhou força nas últimas semanas, “com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, mesmo com a queda do preço de commodities”.

“No cômputo geral, entre 176 países, 59,09% mantiveram os juros, 31,82% elevaram e 9,09% cortaram. No ranking, entre 40 países, 52,50% mantiveram, enquanto 37,50% elevaram as taxas e 10,00% cortaram”, afirma o estudo.

Decisões duras

Ao reduzir a taxa Selic para 12,75%, o Banco Central do Brasil também indicou que o ritmo de corte dos juros não deve ser alterado no curto prazo. A autoridade monetária anteviu novos cortes da mesma magnitude (0,5 ponto percentual), afastando a possibilidade que vinha sendo ventilada pelo mercado de acelerar o afrouxamento monetário, cortando a Selic em 0,75 ponto percentual.

O Banco Central do Brasil não foi o único a mostrar cautela nos últimos dias. O Fed (Federal Reserve) também indicou que as taxas de juros devem continuar altas nos Estados Unidos. O Fed manteve a taxa de referência no intervalo entre 5,25% e 5,5% na quarta-feira (20/09), mas vê a taxa em 5,6% no fim do ano e disse que manterá os juros em terreno restritivo pelo tempo que for necessário para levar à inflação de volta à meta de 2% ao ano de forma sustentável.