Autoexclusão: Entenda a aposta do governo para conter o vício em bets

Com a plataforma, será possível bloquear o acesso às bets e buscar ajuda de saúde mental.

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Publicado em 03/12/2025 às 16:51h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 03/12/2025 às 16:51h Atualizado 2 minutos atrás por Marina Barbosa
Bets custam R$ 38,8 bilhões por ano ao Brasil (Imagem: Shutterstock)
Bets custam R$ 38,8 bilhões por ano ao Brasil (Imagem: Shutterstock)

Além de provocar danos financeiros, as bets têm afetado a saúde financeira de muitos brasileiros.

🎲 Por isso, o governo federal anunciou nesta quarta-feira (3) medidas para tentar conter o vício em jogos e apostas online.

A ideia é permitir que os apostadores possam se "autoexcluir" dos sites de apostas e recebam atendimento de saúde mental quando necessário.

Os serviços estarão disponíveis a partir do próximo dia 10 de dezembro em uma nova plataforma virtual do governo, chamada de Plataforma de Autoexclusão.

Como vai funcionar?

As bets autorizadas a funcionar pelo governo já são obrigadas a oferecer aos apostadores mecanismos de bloqueio de acesso. 

🚫 A nova plataforma do governo promete, por sua vez, permitir que os brasileiros se retirem de todos os sites de apostas de uma única vez. 

Além disso, permitirá que os usuários deixem o seu CPF indisponível para novos cadastros e para o recebimento de publicidades de bets

Para solicitar a autoexclusão, basta acessar a plataforma através do gov.br, com uma conta de nível prata ou ouro, e responder a duas perguntas:

  • Por quanto tempo deseja se autoexcluir?
  • Por qual motivo deseja solicitar a autoexclusão?

O site permite que a autoexclusão dure de 1 a 12 meses ou seja acionada por tempo indeterminado.

Além disso, indica que a decisão pode ser motivada por dificuldades financeiras, perda de controle sobre o jogo, recomendação profissional da área de saúde ou proteção de dados, entre outras.

Saúde mental

A plataforma de autoexclusão ainda vai oferecer testes online de saúde financeira e de saúde mental. 

🏥 Além disso, vai dar orientações sobre o "jogo responsável" e indicar onde os apostadores que já apresentam sinais de vícios podem buscar apoio na rede pública de saúde.

"Teremos informação qualificada para identificar comportamentos de risco, acionar as equipes do SUS e oferecer cuidado e acolhimento a quem sofre com a compulsão por jogos - um problema silencioso, mas que destrói vidas e famílias", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. 

Segundo o Ministério da Saúde, 1.951 pessoas com transtorno do jogo procuraram o SUS (Sistema Único de Saúde) só no primeiro semestre deste ano.

E muitas dessas pessoas também revelam riscos para outros problemas sociais, como pessoas em situações de estresse, vulnerabilidade, isolamento e desemprego.

Por isso, além de atendimentos presenciais, o SUS pretende oferecer teleatendimento para o problema a partir de fevereiro de 2026.

O custo social das bets

💲 Estudo do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), as bets têm um custo anual de R$ 38,8 bilhões para o Brasil e 78,8% disso diz respeito a problemas de saúde mental.

Veja os prejuízos mapeados pelo estudo:

  • R$ 17 bilhões por mortes adicionais por suicídio;
  • R$ 10,4 bilhões por perda de qualidade de vida com depressão;
  • R$ 3 bilhões em tratamentos médicos para depressão;
  • R$ 2,1 bilhões com seguro-desemprego;
  • R$ 4,7 bilhões encarceramento por atividade criminal;
  • R$ 1,3 bilhão diz respeito à perda de moradia.

"Os problemas relacionados aos jogos nos afligem muito. Atingem as famílias e têm impacto significativo na economia. Nossos maiores problemas são o uso das apostas para lavagem de dinheiro e outros crimes e os efeitos deletérios dos jogos para a saúde", comentou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (3).

Ao apresentar a plataforma de autoexclusão, Haddad lembrou que, para enfrentar esse problema, o governo também já proibiu a realização de apostas online por beneficiários do Bolsa Família e crianças.