Americanas (AMER3) divulga opções de pagamentos a credores
A lista foi elaborada por meio de requerimentos dos credores e apresenta valores estimados.
As ações da Americanas (AMER3) serão negociadas de forma grupada a partir desta terça-feira (27) na B3. Por isso, a cotação do papel saltou de R$ 0,05 para R$ 5,00. Analistas, no entanto, veem espaço para novas desvalorizações.
🪙 A Americanas agrupou as suas ações na proporção de 100 para 1 após o fechamento de segunda-feira (26). O objetivo é enquadrar o valor do papel acima de R$ 1, como determina a B3, além de atingir um "parâmetro de preço mais em linha" com o de outras varejistas e companhias desse porte.
Afinal, as ações da Americanas derreteram na bolsa depois da revelação de fraudes contábeis bilionárias que colocaram a companhia em recuperação judicial e continuam provocando prejuízos para a varejista.
Para se ter uma ideia, o papel era negociado por R$ 12 antes da revelação de "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões, em 11 de janeiro de 2023. Contudo, atingiram R$ 2,72 já no dia seguinte e continuaram em queda na B3.
📉 O papel tornou-se uma penny stock (ação que vale centavos) há cerca de um ano e fechou na mínima histórica de R$ 0,05 na segunda-feira (26), na última sessão antes do grupamento. A desvalorização desde o anúncio das fraudes já chega, então, a 99,5%.
Com o grupamento, cada lote de 100 ações da Americanas foi transformado em um único papel. Por isso, o preço da ação subiu para R$ 5 na abertura do mercado nesta terça-feira (27).
Segundo analistas, a medida vai reduzir a volatilidade do papel, que vinha apresentando variações expressivas na bolsa mesmo com mudanças de centavos. Além disso, fará com que a Americanas volte a cumprir as regras da B3, que impõe limites às penny stocks por causa dessa alta volatilidade. Contudo, não deve evitar que o papel siga desvalorizando na bolsa brasileira.
Especialista da Valor Investimento, Virgilio Lage disse que o grupamento "pode contribuir para novas quedas, pois aumenta a liquidez principalmente para investidores que desejam sair dos papeis".
O analista da CM Capital, Alex Carvalho, lembrou que foi isso que aconteceu com outras varejistas que agruparam as suas ações na B3 recentemente, como a Casas Bahia (BHIA3).
"Na maioria dos casos, as ações voltam a se desvalorizar ao longo do tempo. É um movimento comum para ativos que já vêm em movimento de baixa, perdendo valor", afirmou Carvalho, recomendando cautela para o investidor.
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Além disso, lembram os analistas, o cenário econômico não é favorável para as empresas de varejo, sobretudo para companhias que apresentam problemas operacionais como a Americanas.
A companhia teve um prejuízo de R$ 1,4 bilhão no primeiro semestre de 2024. Por isso, decidiu descontinuar a divulgação do seu guidance para reavaliar "expectativa de desempenho futuro".
"O cenário não é favorável, porque tem a perspectiva de juros em níveis maiores por mais tempo e a entrada de grandes concorrentes externos tem sido muito bem aceita pelo brasileiro. Temu, Shein e Mercado Livre, por exemplo, estão indo bem. Então, fica mais complicado para a Americanas competir", comentou o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.
Diante disso, o que pode levar à retomada das ações é a reestruturação financeira e operacional da empresa. A reestruturação é um dos objetivos da recuperação judicial da Americanas, mas, para analistas, pode levar um tempo para alcançar os resultados esperados.
A lista foi elaborada por meio de requerimentos dos credores e apresenta valores estimados.
A reunião está marcada para o dia 10 de maio de 2024.